quinta-feira, 22 de outubro de 2015

HEBREUS E A CONCRETIZAÇÃO DA PROMESSA

Eles estão esperando por nós – Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessapor haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados (cf. Hb.11:39,40). Os heróis da fé ainda não obtiveram a concretização da promessa, pois Deus não quer que sem nós eles sejam aperfeiçoados. Qual é essa promessa, de acordo com o contexto? O contexto deixa claro que a “concretização da promessa” é a entrada no Paraíso, na cidade celestial (cf. Hb.11:10; Hb.11:16; Hb.11:26), como também é dito claramente no verso 16:

“Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, e lhes preparou uma cidade” (cf. Hebreus 11:26)

E todos esses “heróis da fé”, dos quais o autor de Hebreus trata no capítulo 11, não obtiveram ainda a promessa. Eles esperam superior ressurreição, como é dito no verso 35: “Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição. O verso 39 deixa claro que eles não obtiveram a concretização da promessa (de entrar no Paraíso – cf. 11:16), e o verso seguinte explica o porquê de eles não terem ainda entrado nos Céus, “por haver Deus provido coisa superior a nossa respeito”, e “para que eles, sem nós, não sejam aperfeiçoados”.

Eles [os mortos] só entrarão na Jerusalém celestial quando nós [os vivos] formos junto com eles, eles não entram antes de nós! Pelo contrário, eles “esperam superiorressurreição, como é dito claramente no verso 35, e entram na pátria celestial ao mesmo passo nosso, pois eles sem nós não são aperfeiçoados nem obtêm a concretização da promessa.

Os que morreram não obtêm a concretização da promessa após a morte, por Deus haver provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados! Note que Paulo, em 1ª Tessalonicenses 4:15, usa o mesmo pronome na primeira pessoa do plural quando se refere aos vivos que seriam arrebatados por ocasião da volta de [“nós, os vivos”]; com os heróis da fé não é diferente, eles não obtêm a concretização da promessa senão quando "nós", ou seja, os vivos da época da volta de Cristo, formos ajuntados para entrar na Cidade Celestial ao mesmo tempo daqueles que já morreram.

Pois é apenas desta forma que os heróis da fé que já morreram alcançam a promessa: quando todos forem ajuntados ao mesmo tempo, sem distinção, sem prioridade entre mortos e vivos por ocasião da volta de Cristo. A segunda vinda do Senhor não é um bem apenas aos vivos para entrar no Céu, mas também aos próprios mortos, pois da mesma maneira que os vivos só entram no Céu na Sua Vinda, o mesmo se dá para os que já morreram (cf. 1Ts.4:15; Hb.11:39,40).

Isso é o que significa colocar a volta de Cristo totalmente no centro do palco! Os que pregam que o autor da epístola aos Hebreus, contraditoriamente, ensinava a doutrina da imortalidade da alma, apregoam o texto de Hebreus 12:23, que diz: “à igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus. Vocês chegaram a Deus juiz de todos os homens, aos espíritos dos justos aperfeiçoados”. Contudo, basta analisarmos o contexto para vermos o quão equivocada está a interpretação dualista e deixarmos o texto fluir livremente, a partir dos versos anteriores e seguintes:

Hebreus 12
22 Mas vocês [hebreus] chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo. Chegaram aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião,
23 à igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus. Vocês chegaram a Deus, juiz de todos os homens, aos espíritos dos justos aperfeiçoados,
24 a Jesus, mediador de uma nova aliança, e ao sangue aspergido, que fala melhor do que o sangue de Abel.

O autor começa falando de uma santificação sem a qual ninguém verá a Deus (v.14), alerta para seus leitores não serem como Esaú que vendeu a benção de Deus, e de como o povo pecou no pé do Sinai. Então a partir do v.22 começa a elogiar os hebreus a quem ele escrevia, e nessa seção de elogio consta que eles já haviam chegado à Jerusalém celestial (espiritualmente), chegaram também ao acesso dos anjos, faziam parte da mesma igreja dos primogênitos, que assim como eles estão inscritos no céus (livro da vida), alcançaram a Deus, alcançaram a Jesus, estão no mesmo patamar daqueles que tiveram seus espíritos aperfeiçoados (estatura de varão perfeito), dos quais ele menciona em todo o capítulo 11, aqueles ao qual o autor se referia estavam no mesmo nível dos justos patriarcas.

O autor não poderia estar falando que os justos que morreram já estão aperfeiçoados no Céu, pelo simples fato de que, como vimos, ele declara taxativamente o contrário alguns versos antes:

"Por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles [os patriarcas mortos do cap.11]sem nós [os vivos]não fossem aperfeiçoados" (cf. Hb.11:40)

Ou seja, os heróis da fé ainda aguardam o aperfeiçoamento total de suas vidas. O texto deixa claro que esse aperfeiçoamento será em conjunto com os outros santos (nós), e ocorrerá somente como Jesus predisse (cf. Jo.6:44), num abrir e fechar de olhos (cf. 1Co.15:52), no último dia, o da Sua volta e não antes disso.

O que o autor de Hebreus estava colocando era uma verdade espiritual e não um fatomaterial. Os hebreus não haviam chegado literalmente aos milhares de anjos, por exemplo. É como quando Paulo escreve que Deus nos “resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado” (cf. Cl.1:13). Essa é uma grande verdade espiritual; embora nós materialmente continuamos nesta terra no mesmo lugar antes e depois de recebermos a Cristo em nossos corações, nós espiritualmente estávamos no Reino das Trevas antes de conhecer a Cristo.

Materialmente falando, a nossa união com eles se dará por ocasião da ressurreição (cf. 1Ts.4:15), como o próprio autor de Hebreus escreve que eles ainda não foram aperfeiçoados (cf. Hb.11:39,40). É só neste momento que eles entram no Céu sendo aperfeiçoados, pois “eles sem nós não alcançam a promessa”. Ademais, não nos é dito que os primogênitos estão nos céus, mas sim que os seus nomes estão nos céus. Isso é muito significativo, porque nós temos os nossos nomes inscritos no Céu em vida e não depois que morremos:

“E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida” (cf. Filipenses 4:3)

Veja que eles já estavam com os seus nomes inscritos no Céu, no livro da vida. Paulo não escreve “estará” {no futuro}, mas sim “estão” {no presente momento}. Cristo também diz que nós temos os nossos nomes escritos nos céus no presente momento (cf. Lc.10:20). Portanto, a menção de Hebreus 12:23 diz respeito a pessoas vivas, e não a mortos!

Finalmente, se o autor de Hebreus quisesse realmente passar a informação de que as próprias pessoas estão nos Céus, então ele diria que eles “estão nos céus”; contudo, ele diz que “cujos nomes... estão nos céus”! Isso é muito importante, pois os nomes são escritos enquanto as pessoas estão vivas e, por isso, não são as próprias pessoas, mas sim os seus nomes que estão nos céus. Se o autor de Hebreus fosse imortalista, certamente teria dito que eram os próprios primogênitos que estavam no Céu.

Outra passagem igualmente utilizada na tentativa de se provar a vida após a morte na epístola aos Hebreus encontra-se no verso 4 de Hebreus 11, que diz:

“Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim. Pela fé ele foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas ofertas. Embora esteja morto,por meio da fé ainda fala” (cf. Hebreus 11:4)

Mas vemos que eles falham aqui exatamente no mesmo ponto do anterior: não é a “alma” de Abel que ainda fala, mas sim a sua fé! É o seu exemplo e dedicação de fé que nos serve de exemplo e ensino até os dias de hoje. Seu ato ainda fala! O ato de Abel foi um ato de adoração a Deus: pela fé ele apresentou a Deus um culto mais aceitável e excelente em relação a Caim. É evidente que se fosse o próprio Abel que falasse, então bastaria que o autor de Hebreus registrasse que “ele [Abel], mesmo morto, ainda fala” – e “fim de papo”!

Mas, uma vez que ele de fato não acreditava que Abel já estivesse vivo em algum lugar, então teve que dizer que foi o seu ato de fé que fala a nós. Não é o próprio Abel, e muito menos a “alma” dele que fala! O mesmo autor escreve na mesma epístola que o sangue de Abel fala (cf. Hb.12:24). Não é “estranho” que sempre seja “a fé”, “o sangue” ou os "nomes”, e não a própria  “alma” ou “espírito" que estejam vivos ou falem?

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