terça-feira, 25 de agosto de 2015

OS SETE SIMBOLOS,A IGREJA,E O REINO DA BESTA.

Quanto mais nos aprofundamos, maior se torna a nitidez com que o Observador defini a divisão da humanidade em duas partes opostas: a Igreja e o reino da besta. Nos capítulos precedentes, o Apóstolo João começou a familiarizar os leitores com a Igreja, falando sobre os marcados, o templo de Jerusalém e das duas testemunhas. O capítulo 12, mostra a Igreja em toda sua glória Celestial e simultaneamente apresenta seu principal inimigo, o diabo-dragão. A visão da Mulher, vestida com a luminosidade do sol e do dragão, tornam óbvio que a guerra entre Bem e Mal vai alem das fronteiras do mundo material e estende-se ao mundo dos anjos. O Apóstolo mostra que no mundo dos espíritos imateriais existe um criatura má, dotada de consciência, que trava uma luta desesperada contra os anjos e as pessoas dedicadas a Deus. Esta guerra entre Bem e Mal, que ultrapassa toda a existência do gênero humano, começou no universo angelical antes da criação do mundo terreno. Conforme já foi dito, o Observador descreve esta luta em várias partes do Apocalipse, não na sucessão cronológica mas em diferentes fragmentos ou frases.
        A visão da Mulher lembra ao leitor da promessa de Deus a Adão e Eva com relação ao Messias (a Semente da Mulher), que decaptará a cabeça da serpente (Gen. 3:15). Seria possível pensar que no capítulo 12 a Mulher se refere e Virgem Maria. Porém, das referencias posteriores, onde se fala nos demais descendentes da Mulher (os cristãos),
é evidente que aqui deve ser considerado que a Mulher é a Igreja. O brilho do sol que cerca a Mulher simboliza a perfeição moral dos santos e a iluminação santificada da Igreja pelas graças do Espírito Santo. As doze estrelas simbolizam as doze tribos da Nova Israel — quer dizer, a unidade dos Cristãos. A agonia da Mulher durante o trabalho de parto, simboliza sacrifícios, privações e sofrimentos dos servidores de Deus (profetas, Apóstolos, e seus sucessores), suportados por eles durante a pregação do Evangelho no mundo e durante a confirmação das virtudes Cristãs entre seus filhos espirituais (os que foram batizados). São Paulo disse aos Gálatas: “ Filhinhos meus, por quem eu sinto de novo as dores do parto, até que Jesus Cristo se forme em vós” (Gal. 4:19).
        O Primogênito da Mulher, a quem foi dito: “Tu as governares (todas as nações) com cetro de ferro” e o Senhor Jesus Cristo (Salmos 2:9, Apo. 12:5 e 19:15). Ele é o Novo Adão, tornado cabeça da Igreja. O “extase” do Infante evidência e ascensão de Cristo aos Céus, onde Ele sentou e “destra do Pai” e, desde então, governa os destinos do mundo.
        “O dragão, com sua cauda subtraiu dos Céus a terça parte das estrelas e lançou-as sobre a terra” (Apo. 12:4). Os estudiosos entendem que as estrelas indicam os anjos que o diabo, em seu orgulho, incitou a rebelião contra Deus, tendo como resultado uma guerra no Céu. (Esta foi a primeira revolução no universo!) O Arcanjo Miguel veio a frente dos anjos bons. Os anjos que se revoltam contra Deus foram derrotados e não puderam permanecer nos Céus. Afastando-se de Deus, transformaram-se em demônios. O seu reino, as regiões inferiores, conhecido como inferno, tornou-se lugar de escuridão e sofrimento. Conforme opinião dos Santos Padres, a guerra descrita pelo Apóstolo João, aconteceu no mundo dos anjos antes da criação do mundo material. Isto é apresentado aqui ao leitor para explicar que o “dragão” que perseguirá a Igreja em visões subsequentes do Apocalipse, é o Anjo Caído “Lúcifer” — eterno inimigo de Deus.”
        Tendo sofrido derrota nos Céus, o dragão com toda sua fúria lança-se contra a Mulher (a Igreja). Suas armas são as mais variadas tentações dirigidas a Mulher, assemelhando-se a um rio caudaloso. Porém, ela se salva das tentações fugindo para o deserto, quer dizer, desistindo voluntariamente dos bens e das comodidades terrenas com as quais o dragão tenta envolve-la. As duas asas da Mulher são a prece e o jejum, pelos quais os cristãos se espiritualizam, ficando imunes ao dragão que rasteja pela terra qual uma víbora (Gen. 3:14; também Marcos 9:29). Convem lembrar que muitos cristãos zelosos, já a partir dos primeiros séculos fixavam-se no deserto, abandonando literalmente as cidades ruidosas repletas de tentações. Em cavernas remotas, em eremitérios e mosteiros, dedicavam todo seu tempo a oração elevando seus pensamentos a Deus e atingiram tal elevação espiritual ,que os cristãos de hoje são incapazes de imaginar. O Monasticismo floresceu no Oriente entre o quarto e sétimo séculos, quando em regiões desertas do Egito, Palestina, Síria e Asia Menor, surgiram muitos eremitérios e mosteiros, com centenas e até milhares de monges e freiras. Do Oriente Próximo, o monasticismo transferiu-se para o monte Athos e, de lá, para Rússia onde, no período pré-revolucionário havia mais de um milhão de mosteiros e eremitérios.

Nota: “tempos, um tempo e metade de um tempo” — 1260 dias ou 42 meses (Apo. 12:6-15) — expressão que corresponde a três anos e meio e, simbolicamente indica o período das perseguições. O ministério público de Cristo durou três anos e meio, bem como, as perseguições contra os cristãos durante o reinado do Rei Antíoco Epifanes e dos Imperadores Nero e Domiciano. Não obstante, as cifras do Apocalipse devem ser entendidas simbolicamente (vide supra).

A besta saída do mar e a besta saída da terra

                   (Apo. caps. 13-14).
A maioria dos Santos Padres entende tratar-se do anticristo quando se fala na “ besta saída do mar,” enquanto que a “besta saída da terra” corresponde ao falso profeta. O mar simboliza a multidão dos descrentes, sempre turbulenta e agitada pelas paixões. Da narrativa posterior sobre a besta e da narrativa paralela do profeta Daniel (Dan. caps. 7-8), convem concluir que “a besta” representa a totalidade do Império do anticristo, opositor de Deus. O aspecto externo do dragão-diabo e da besta saída do mar, a quem o dragão passou seu poder, assemelham-se um ao outro. Seus atributos externos falam da sua astúcia, crueldade e indecência moral. As cabeças e os chifres da besta simbolizam as nações opositoras a Deus que compõem o Império do anticristo, bem como seus governantes (os reis). A menção a um ferimento mortal numa das cabeças da besta e da sua cura, é enigmático. No tempo certo, os próprios eventos esclarecerão o significado destas palavras. A base histórica para esta alegoria ,poderia ter servido de convicção a muitos contemporâneos do Apóstolo João no sentido que Nero, assassinado, voltou a vida e logo retornou as tropas Partas (que se achavam alem do rio Eufrates (Apo. 9:14 e 16:12), para vingar-se dos inimigos. Poder-se-ia ver nisso, uma indicação da derrota parcial do paganismo ateu pela fé Cristã e uma indicação do renascimento do paganismo, durante o período de apostasia geral do Cristianismo. (vide mais detalhes no texto Ensinamento Cristão sobre o fim do mundo).

Nota: há características comuns entre a besta do Apocalipse e as quatro bestas do profeta Daniel que personificou os quatro Impérios pagãos da antiguidade (Daniel cap. 7). A quarta besta refere-se ao Império Romano, e o décimo chifre da última besta simbolizou o governante sírio Antíoco Epifanes — protótipo do anticristo vindouro, a quem o Arcanjo Gabriel chamou “o desprezível” (Dan. 11:21). As características e ações da besta apocalíptica tem muito em comum com o décimo chifre citado por Daniel (Dan. 7:8-12, 20-25, 8:10-26, 11:21-45). Os primeiros dois livros dos Macabeus ilustram nitidamente os tempos que precedem o fim do mundo.

        Subsequentemente, o Observador descreve a besta saída da terra e que, mais tarde, denomina de falso profeta. Aqui, a terra simboliza a ausência total de espiritualidade nos ensinamentos do falso profeta, impregnados de materialismo e luxúria. O falso profeta seduz as pessoas com falsos milagres e obriga-as a se curvarem diante da primeira besta. “Possuia dois chifres, parecendo cordeiro, mas falava como dragão,” (Apo. 13:11); isto é, parecia submisso e pacífico mas suas falas estavam repletas de lisonja e mentiras.
        Como no capítulo 11, as duas testemunhas simbolizam todos os servos de Cristo. É evidente que as duas bestas do capítulo 13, simbolizam a união de tudo que repudia o Cristianismo. A besta saída do mar é o símbolo do poder civil descrente de Deus e a besta saída da terra é a união dos falsos profetas e de todas as autoridades eclesiásticas corrompidas.
        Assim como no tempo da vida terrena do Salvador, os dois poderes — civil e religioso — personificados em Pilatos e no alto clero judaico, uniram-se para condenar Cristo a crucificação, também ao longo da história da humanidade, não raro, estes dois poderes se unem no combate a fé e na perseguição dos crentes. Exemplo: Valaã e o rei dos Mohabitas; a rainha Jezebel e seus sacerdotes; os falsos profetas e príncipes antes da destruição de Israel e, mais tarde, “os apóstatas” e o Rei Antíoco Epifanes (Dan. 8:23, 1 Mac. e 2 Mac. cap. 9), e finalmente os seguidores da lei Mosaica e os administradores romanos no tempo dos Apóstolos. Nos primeiros séculos do Cristianismo, os hereges e falsos professores enfraqueceram a Igreja com cismas e assim favoreceram as conquistas árabes e turcas, cuja invasão arruinou a Igreja Oriental Ortodoxa Cristã. Os livre-pensadores russos e os populistas prepararam o campo para a revolução; os pseudo-profetas contemporâneos corrompem os cristãos titubiantes na sua fé, atraindo-os para várias seitas e cultos. Todos eles são falsos profetas que colaboram com o sucesso das forças que lutam contra Deus. O Apocalipse descobre o apoio mútuo entre o dragão-diabo e as duas bestas. Cada qual possui seus próprios interesses egoístas : o diabo anseia pela obediência dos homens; o anticristo busca poder; e o falso-profeta, o ganho material. A Igreja, conclamando as pessoas para que tenham fé em Deus e fortaleçam suas virtudes, torna-se um obstáculo a eles, combatendo-os solidariamente.

O selo da besta

        (Apo. 13:16-17, 14:9-11, 15:2, 16:20, 20:4).
        Na linguagem das Sagradas Escrituras, estar marcado ou ter sobre si um selo, significa pertencer ou ser subordinado a alguem. Já mencionamos que o selo (ou o nome de Deus) na fronte do que crê, indica que foi escolhido por Deus e tem Sua proteção (Apo. 3:12; 7:2-3; 9:4; 14:1; 22:4). A atividade do falso profeta, descrita no capítulo 13 do Apocalipse, nos convence que o reinado da besta será de natureza religioso-política. Unificando vários Estados numa só Potência, esta imporá uma nova religião para substituir a fé Cristã. Então, a submissão de si mesmo ao anticristo (alegoricamente, receber a marca da besta na mão direita ou na fronte) será equivalente a renunciar a Cristo, e privar-se do Reino dos Céus. (A simbologia da marcação encontra suas raízes na antiguidade quando os guerreiros marcavam a fogo, nas mãos ou nas testas o nome de seus superiores; já os escravos, voluntariamente ou não, recebiam a marca com ferro em brasa do nome do seu senhor. Os pagãos adeptos de alguma divindade, não raro, tatuavam-se com os seus símbolos).
        É possível que durante o tempo do anticristo seja introduzido um sistema de registro computadorizado, que seria semelhante aos atuais cartões bancários. A inscrição do código, invisível a olho nu, não será impresso em um cartão de plástico como é agora, mas diretamente sobre o corpo dos indivíduos. Este código, lido por um “olho” eletrônico ou magnético, será transmitido a um computador central que conterá e arquivará toda informação pessoal e financeira de cada um dos indivíduos. Deste modo, a introdução de códigos pessoais, impressos diretamente na pessoa eliminará a necessidade de dinheiro, passaportes, vistos, passagens, cheques, cartões de credito e outros documentos pessoais. Graças a codificação individual, podem ser executadas todas as operações monetárias como: recebimento de salários e pagamento de dívidas por computador. Na ausência de dinheiro, ladrões não terão nada que levar. Em princípio, o Estado poderá controlar a criminalidade, uma vez que todos os movimentos das pessoas serão conhecidos graças ao computador central. É de se supor que a introdução do sistema será justificada apenas pela divulgação dos aspectos positivos. Entretanto, na prática, ele será usado também para o controle político-religioso “quando ninguém poderá comprar ou vender, sem possuir esta marca” (Apo. 13:17).
        A idéia supra, no momento, é meramente especulativa. A essência não está em marcas eletromagnéticas, mas na fidelidade ou não para com Cristo! Ao longo da história do Cristianismo, a pressão sobre os cristãos, por parte das autoridades anti Cristãs apresentou-se nas mais variadas formas: uma oferenda em sacrifício formal ao ídolo, conversão ao Islamismo, filiação a organizações ateias ou anti-Cristãs. De acordo com o linguajar do Apocalipse, a aceitação do “selo da besta” consiste em obter vantagens temporárias ao preço de renunciar a Cristo.

O número da besta é 666

                         (Apo. 13:18).
O significado deste número permanece um mistério até os nossos dias. Evidentemente, será decifrado quando as circunstâncias o permitirem. Alguns estudiosos vêem o número 666 como uma diminuição do número 777, que indica a perfeição tripla, a plenitude, a totalidade. No contexto desta compreensão do simbolismo do número, o anticristo aspira demonstrar em tudo sua superioridade frente a Cristo, embora, na prática ocorra sempre o inverso. Na antiguidade, a escolha de um nome baseava-se no valor numérico das letras do alfabeto. Por exemplo, no idioma grego (e no Eslavo eclesiástico), “A” equivale a 1, “B” a 2 , “G” a 3, e assim por diante. Semelhante valor numérico das letras existe também no alfabeto latino, bem como no hebraico. Cada nome pode ser matematicamente calculado pela adição dos valores numéricos das letras. Por exemplo, o nome de Jesus escrito em grego equivale a 888 (possivelmente simbolizando a mais alta perfeição). Existe enorme quantidade de nomes próprios que na soma dos valores numéricos de suas letras equivale a 666. Um exemplo disto é o nome de Nero Caesarius escrito em caracteres hebraicos. Neste caso, se apenas o nome próprio do anticristo fosse conhecido, calcular seu valor numérico não requereria grande sabedoria. Talvez seja necessário buscar a solução do enigma no plano básico, porém o sentido está obscuro. A besta do Apocalipse refere-se tanto ao anticristo quanto ao seu reino. Pode ser que nos tempos do anticristo, serão introduzidas iniciais indicando um novo movimento universal e pela vontade de Deus o nome próprio do anticristo permanece não revelado. Quando o tempo vier, os que devem, vão decifra-lo.

A imagem falante da besta

        É difícil entender o significado das palavras sobre o falso profeta “e foi-lhe concedido dar espírito à imagem da besta, de modo que falasse a imagem da besta, e fazer que fossem mortos todos aqueles que não adorassem a imagem da besta” (Apo. 13:15). Um motivo para isto poderia ter sido a exigência de Antíoco Epifanes para que os judeus se curvassem diante da estátua de Júpiter que ele ergueu no templo em Jerusalém. Mais tarde, o Imperador Domiciano exigiu que todos os cidadãos do Império Romano se curvassem diante de sua própria imagem. Domiciano é o primeiro imperador a exigir para si, as honrarias de divindade, ainda em vida, e para que o entitulassem “nosso senhor e nosso deus.” As vezes, para maior efeito, sacerdotes escondiam-se atrás das estátuas do imperador e profetizavam em seu nome. Foi decretado que todos os cristãos que não se curvassem diante da imagem de Domiciano seriam executados, enquanto outros que obedecessem seriam recompensados. Pode ser que na profecia do Apocalipse esteja se falando de algum aparelho semelhante à televisão que transmite a imagem do anticristo e simultaneamente observa como as pessoas reagem a ela. Em todo caso, na atualidade os filmes e a televisão tem sido utilizados amplamente para propagar as idéias do anticristo, acostumando as pessoas a crueldade e banalidade. Assistir TV diariamente, sem se preocupar com a seleção dos programas, mata, no ser humano, o que há de bondade e santidade.
Não seria a televisão percursora da imagem falante da besta?

As sete taças,

fortalecimento dos poderes contrários a Deus,

e o julgamento dos pecadores

(Caps. 15-17).
Nesta parte do Apocalipse, o Observador descreve o reino da besta que alcançou o apogeu de sua força e de seu controle sobre o gênero humano. O afastamento da verdadeira fé atinge quase todo gênero humano, e a Igreja chega ao enfraquecimento máximo: “foi concedido a ele lutar com os santos e ser vitorioso sobre eles” (Apo. 13:7). Para encorajar os cristãos que permaneceram fieis a Cristo, o Apóstolo João dirige seus olhares para o mundo Divino e mostra-lhes a grande multidão que, a semelhança dos israelitas salvos do faraó durante o tempo de Moisés, entoa o hino da vitória (Êxodo, caps. 14-15).
        Mas, da mesma maneira que findaram os dias de reinado faraó, assim também terão fim os dias de reinado do anticristo. Os capítulos seguintes (16-20), descrevem como numa pintura o julgamento de Deus contra Seus opositores. A destruição de natureza no capítulo 16 é semelhante à descrição do capítulo 8; porém, aqui alcança proporções globais e deixa uma impressão horripilante. Agora, como antes, a destruição da natureza é provocada pelo próprio gênero humano (guerras e poluição). A destruição da camada de ozônio na estratosfera, ocasionando aumento de gás carbônico na atmosfera, pode tornar a vida da humanidade extremamente penosa. De acordo com a profecia do Salvador, durante o último ano antes do fim do mundo, condições de vida serão tão insuportáveis que “se Deus não abreviasse aqueles dias, criatura alguma teria sobrevivido” (Mat. 24:22).
        A descrição do julgamento e das punições, nos capítulos 16-20 do Apocalipse, segue um padrão de culpabilidade crescente dos inimigos de Deus. Os primeiros sujeitos ao castigo são as pessoas que aceitaram a marca da besta e a capital do Império do anticristo ("a Babilônia”), a seguir o anticristo e o falso profeta, e, finalmente, o próprio diabo.
        A narrativa da queda da Babilônia é apresentada duas vezes: a primeira, em linhas gerais, ao término do capítulo 16, e de forma detalhada nos capítulos 18-19. A Babilônia é representada como uma meretriz sentada sobre a besta. A denominação Babilônia lembra a Babilônia caldaica, onde nos tempos do Velho Testamento estava concentrado o poder contrário a Deus (tropas de caldeus destruiram a antiga cidade de Jerusalém em 586 A.C.). Descrevendo o luxo pródigo da “meretriz,” São João imaginou Roma, rica cidade portuária. Porém, muitas características atribuidas a Babilônia Apocalíptica são inaplicáveis a Roma antiga e devem se referir a capital do anticristo.
        A detalhada explicação do anjo ao término do capítulo 17, sobre o “mistério da Babilônia” relativa ao anticristo e ao seu reino, é igualmente enigmática. Provavelmente estes detalhes serão entendidos no futuro, quando a hora certa chegar. Algumas das expressões metafóricas são levadas da descrição de Roma como se levantando em sete colinas e de seus imperadores irreligiosos. “Cinco reis (cabeças da besta) caíram” refere-se aos primeiros cinco imperadores romanos, de Júlio Cesar a Claudio. A sexta cabeça é Nero, a sétima é Vespasiano. “E a besta que era e não e, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete” trata-se de Domiciano, que ressuscitou Nero, na imaginação popular. Ele é o anticristo do primeiro século. Mas provavelmente a simbologia do capítulo 17 receberá nova explicação na época do último anticristo.

Julgamento da Babilônia,

do anticristo, e dos falsos profetas

(Caps. 18-19).
observador apresenta o quadro da queda da capital do Império dos infieis, que ele chama de Babilônia, em linhas vivas e vibrantes. Esta descrição assemelha-se as profecias de Isaías e Jeremias relativas a queda da Babilônia caldaica em 539 A.C. (Isa. cap. 13-14; 21:9; e Jer. ch. 50-51). Há muita semelhança entre o centro do mal no passado e no futuro. A punição do anticristo (a besta) e do falso profeta é descrita de modo especial. Como já dissemos, a besta é uma personalidade específica do último dos antagonistas de Deus e, simultaneamente, personificação de todo e qualquer poder contrário a Deus. O falso profeta é o último falso profeta (ajudante do anticristo), bem como a personificação de todo poder pseudo-religioso ou corrupto.
        É importante entender que na punição da Babilônia, do anticristo, do falso profeta (cap. 17-19), e do diabo (cap. 20), São João não segue uma ordem cronológica de narrativa, mas faz uso de um método de interpretação de acordo com princípios que explicaremos agora.
        Na sua totalidade, as Sagradas Escrituras afirmam que o reinado dos antagonistas de Deus terá fim por ocasião da segunda vinda de Cristo, quando perecerão o anticristo e o falso profeta. O Juízo Final de Deus contra o mundo acontecerá na ordem de culpabilidade crescente dos acusados “é tempo de dar início ao julgamento a partir da casa de Deus; Caso se inicie a partir de nós, qual será o fim dos que não se sujeitaram a palavra de Deus?” (1 Pedro 4:17; Mat. 25:31-46). Primeiramente serão julgados os cristãos, a seguir os incrédulos e pecadores, depois os inimigos conscientes de Deus, e finalmente, os principais responsáveis por todas as iniquidades do mundo, os demônios e o diabo. Nesta mesma ordem o Apóstolo João narra o julgamento dos inimigos de Deus nos capítulos 17-20. Com isso, o julgamento de cada categoria dos culpados (os que se afastaram de Deus, anticristos, falsos profetas, e, finalmente o diabo) é precedido pela descrição feita pelo Apóstolo dos elementos da culpabilidade. Em decorrência disso, temos a impressão de que, a princípio, será destruída a Babilônia; algum tempo depois haverá o castigo do anticristo e do falso profeta, após o que, na terra, terá início o reino dos santos e, depois de um tempo muito longo o diabo sairá para seduzir as nações e será então punido por Deus. Em realidade, o Apocalipse trata de eventos paralelos. Este método de exposição do Apóstolo João deve ser levado em conta para interpretar corretamente o capítulo 20 do Apocalipse (vide a brochura do fim do mundo).


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