quinta-feira, 16 de junho de 2016

RECONHECENDO DEMÔNIOS NA IGREJA..Atos 16:16-19

E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.
Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo.
E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu. E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas, e os levaram à praça, à presença dos magistrados. “Nesta Passagem acima percebemos duas coisas graves e que nos dias atuais, confundem a igreja:  a existência de endemoninhados proclamando o nome de Deus e o fato deverdadeiros servos de Deus não estarem discernindo, pelo menos por algum tempo decorrido, a presença de demônios no meio da igreja.
Já ouvi muitas pregações exaltando o feito de Paulo em expulsar o demônio que habitava naquela mulher, por conta do que ocorre posteriormente com a sua prisão e a de Silas. Ocorre ali, na prisão, a magnífica libertação de ambos, que a experimentam depois de cantarem louvores a Deus com as costas dilaceradas. O foco de quase toda pregação ou estudo está obviamente no louvor que ambos ministram a Deus em um momento de dor, mas se lermos com atenção, perceberemos algo de grave no que aconteceu anteriormente à prisão deles na cidade de Filipos, na Macedônia, e que muito pode nos ensinar também para os dias atuais.
Não pretendo abordar neste artigo sobre aquele tipo de manifestação pública de libertação de demônios que acontece na igreja cristã de um modo geral, sobretudo nas pentecostais, algumas chegando ao cúmulo de mostrar pastores entrevistando e xingando os espíritos malignos. Não, não é deste tipo de demônio de que falaremos, mas daquelesque convivem com os membros no dia-a-dia da igreja e que fala aos ouvidos dos servos de Deus sem que eles se deem conta de que são demônios que os estão, por vezes, até aconselhando, mesmo sem proferirem uma só palavra contra Deus ou contra os ministros do Senhor.
Acredito que, de certo modo, a igreja não está preparada para lutar contra alguns tipos de demônios porque as suas ações e metodologias são menos claras. Lembro-me de ouvir o testemunho da serva de Deus Ana Paula Valadão, a quem muito admiro e não tenho a menor dúvida sobre o trabalho profético e abençoado que tem, dizer que seu marido Gustavo repreendeu certa vez a agir de um demônio familiar que atuava sobre a família dela desde e tempo de sua bisavó. Depois de um comportamento de insubmissão, ele lhe disse:
“-Eu não tolero Jezabel!”
Ao que ela respondeu: “-Amor você está dizendo que há demônio em mim? “
– “Sim, e eu estou repreendendo-o.” Disse ele em resposta.
Infelizmente, como tanto a Ana Paula Valadão, quanto seu ministério, sofreram mentirosas acusações do Edir Macedo e seus bispos na TV, dizendo que ela caia endemoninhada, eles devem ter retirado este vídeo da Internet.
Não podemos nos esquecer também que Jesus repreendeu a sugestão de Satanás na vida de Pedro depois de muito tempo em que ele servia a Jesus:
“Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.” Mateus 16:23
Voltemos ao texto inicial. Na passagem de Atos dos apóstolos que lemos no cabeçalho deste artigo, é necessário percebermos as palavras do demônio que agia na vida daquela jovem: ” Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias…”
O que havia de errado na fala desta moça?
Nada, absolutamente nada, no que tange ao conteúdo!
Os discípulos que acompanhavam o apóstolo Paulo, e ele mesmo, não identificaram imediatamente nada de anormal ou incompatível com o evangelho na fala daquela jovem mulher.
E por que não identificaram o mal imediatamente?
Porque simplesmente havia vários requisitos que a mulher preenchia que absolutamente não batiam com o que  entendem que um típico endemoninhado deveria ter, como o endemoninhado  de Lucas 8:27-39, o endemoninhado gadareno de quem Jesus expulsou uma legião de demônios.
Um grande entrave para superarmos é a ideia pré-concebida que temos do que sejam demônios. Como naqueles filmes de terror, sempre imaginamos demônios com voz rouca ameaçando ou gritando com pessoas. Tal conceito difere em muito do que a bíblia fala sobre Satanás:
” Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônica, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.
Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti ” Ezequiel 28:13-15
Sobre o seu agir a bíblia diz ainda: “Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste para ti riquezas, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros.
Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumentaste as tuas riquezas; e eleva-se o teu coração por causa das tuas riquezas; ” Ezequiel 28:4-5
Voltemos para Atos dos Apóstolos.Os apóstolos, Paulo e Silas, anunciavam realmente o caminho da salvação, conforme a mulher dizia?
Sim! E ela proclamava isto aos quatro cantos para todos ouvirem, ou seja , aparentemente estava evangelizando, já que esta palavra quer dizer “anunciando boas notícias”. Que coisa, hein? Um demônio “evangelizando”!?!? Revejamos nossos conceitos!
Afinal, Jesus disse que a boca fala do que o coração está cheio (lucas 6:45). Analisando este caso específico como exemplo, fica difícil identificar a ação de Satanás ou de seus servos quando encontramos alguém que aprendeu jargões religiosos e os repete à exaustão como ” Vai com Deus!”, “Glória a Deus!”, “Sangue de Jesus,” entre inúmeras outras expressões do nosso “evangeliquês” cotidiano.
Lembro ainda que Satanás não é Deus e por isso não pode estar em dois lugares diferentes ao mesmo tempo. Por isso, quase sempre o agir demoníaco se refere a seus súditos, que podemos chamar de demônios “especialistas” em determinados assuntos.
Paulo e Silas eram mesmos servos do Deus altíssimo?
Certamente! Portanto, que mal havia no fato de a mulher alardear isto com tanta ênfase? O que havia de mentira então, na fala daquela mulher?
Nada que fosse identificável à primeira vista. Por isso, se reunirmos a proclamação da mulher com o aspecto de que ela seguia os apóstolos, veremos o quão difícil foi para Paulo identificar a ação demoníaca na vida daquela mulher, visto que todos os que pregam o evangelho esperam que, à semelhança de Cristo, haja também seguidores em seu ministério.
Da mesma forma, a igreja atual pode conviver diariamente com pessoas endemoninhadas e não se dar conta disso por muito tempo, já que na infeliz visão de participação de mercado (Market Share) religioso atual, possui maior sucesso a igreja que agremiar o maior número de seguidores, dentre os quais, poderíamos ainda incluir os do tweeter.
O texto em Atos 16 não fala nada sobre o comportamento desta mulher enquanto seguia a Paulo. Não sabemos o que ela fez ou falou neste período específico que a bíblia chama de “muitos dias” em que seguia a ele, por isso, pode ser perigoso conjecturarmos sobre o que Paulo viu ou ouviu dela que pudesse indicar a ele que ela agia sobre influência de um demônio, mas o que fica evidente é que ele não percebeu, pelos menos por muitos dias,que era o diabo que falava por aquela mulher. O texto afirma que “por muitos dias” a mulher fez aquilo, sem contudo especificar  quantos” foram esses “muitos”.
Hoje, há pessoas dentro da igreja que agem da mesma forma que a mulher de Atos 16. Têm um linguajar religioso e aprende jargões do tipo: “Eu renuncio, em nome de Jesus… ” ou ainda o famoso “está amarrado…” e por isso, não é tarefa fácil identificar se tais pessoas falam por ação de Deus, por seu próprio espírito humano ou por ação e sagacidade do demônio, já que a própria palavra de Deus nos diz que só podemos confessar a Jesus como sendo o Senhor e não dizer “Maldito seja Jesus”, através da ação do Espírito Santo  . ( I Cor 12:3)Pois bem, esta mulher não amaldiçoou os apóstolos, nem a Deus, nem a sua missão…
Então, estaria o demônio trabalhando a serviço do reino de Deus?
É obvio que não!                                                                                                                                           Porém, com a mesma lerdeza de percepção e discernimento que tiveram Paulo e Silas, vejo na igreja atual, servos de Deus “apaixonados” pela “ boca de Sambalate” (homem maligno que falava mal da obra de Deus e que se opunha a Neemias na reconstrução dos Muros de Jerusalém). Mas podemos dizer que havia um “Espírito de Bajulação” naquela mulher. A bajulação  consiste em ficar repetindo atributos positivos que uma pessoa tenha a fim de enaltecer o seu ego e assim ganhar “credibilidade” junto a ela. Bajuladores quase nunca são contestados, justamente pela sutileza de seu falar e seus contantes elogios.
Quando um servo de Deus recebe isso (elogios diretos a sua pessoa) o que ele deve fazer?
“Retransmitir” imediatamente toda a honra e glória a Deus, pois ele é o único que é digno de ser louvado.
Santo Agostinho tinha um pensamento que resumia em muito este princípio: “Eu prefiro a crítica do que a adulação porque a crítica me corrige enquanto a adulação me corrompe“, mas na prática quem realmente prefere ser criticado do que bajulado?
Pense um pouco e me responda sinceramente: você prefere alguém que te diga o que está errado em você ou alguém que ressalte o tempo todo somente as tuas boas qualidades? Pois é! É justamente esta resposta que nos qualifica como vítimas fáceis do diabo, porque apesar de sabermos que a crítica positiva pode nos aprimorar,preferiremos sempre o adulador porque suas palavras massageiam nosso ego.
Este mesmo Espírito de Bajulação, presente no povo de Israel algum tempo após a morte e ressurreição do Senhor, lançou imensos elogios ao rei Herodes, dizendo-lhe após um “belo” discurso que sua voz era a voz do próprio Deus e não a voz de um homem qualquer.
O que aconteceu depois?
Vejamos nesta passagem: ” E num dia designado, vestindo Herodes as vestes reais, estava assentado no tribunal e lhes fez uma prática. E o povo exclamava: Voz de Deus, e não de homem. E no mesmo instante feriu-o o anjo do Senhor, porque não deu glória a Deus e, comido de bichos, expirou. “Atos 12:21-23
Tais pessoas rondam, adentram a igreja e falam palavras de lisonjas a ela. E a igreja, na pessoa do líder ou membro, quando recebe tais elogios, parece anestesiar-se com a ação sedutora deste tipo de demônio que age sempre através de pessoas que “sabem reconhecer o valor de um bom líder”.
Paulo não caiu roído de vermes como Herodes, mas poderia ter acontecido se assim ele permanecesse ou se aceitasse a lisonja como sendo verdadeira, mas ao contrário, Paulo tinha o Espírito de Humildade que o verdadeiro servo de Deus deve ter durante toda a sua vida.
Esta experiência  anestésica de Paulo na verdade nos mostra que jamais devemos baixar a guarda nesse assunto e a vigília e atenção devem sempre estar preparadas. No capítulo 14, Paulo quase foi morto por não aceitar o título de um dos Deuses do Olimpo. (Atos 14:7-19) Ele fez o que Herodes deveria ter feito.
Essa questão coloca dois pontos antagônicos que podem ou não convergir: Quem está proferindo e lisonja e quem a está recebendo.
Parece que é…
Quando Jesus falou sobre o joio e o trigo sempre acreditei que se tratava de doutrinas malignas crescendo no meio da igreja, mas hoje percebo que isso vai muito além. A revelação da parábola pode nos ensinar também sobre pessoas que aparentemente são cristãs e sua presença no meio da igreja é facilmente confundida com o trigo verdadeiro que há nela, diga-se: Cristãos autênticos. Elas têm a aparência  e linguajar cristão e até uma rotina de  ir à igreja, porém os seus frutos são incontestavelmente malignos.
Jesus nos alerta, ensinando o seguinte princípio:  Pelos seus frutos os conhecereis. (Mateus 7:16,20) Não é pelo linguajar, vestimenta, conhecimento bíblico, prosperidade financeira ou mesmo quantidade de cultos que frequenta semanalmente. O conhecimento profundo que teremos de tais pessoas é pelo fruto que produzem.
Tenho visto igrejas desmoronarem porque os líderes não perceberam que, à semelhança desta jovem na história de Atos 16, pessoas se infiltram na igreja e cativam a muitos com seu linguajar encantador, mas que no fundo estão ali para separarem os mais fiéis irmãos de ministério, acabar com casamentos ou ainda desunir famílias inteiras. Infelizmente, muitos líderes só perceberão a magnitude de sua obra depois que esses muito andarem com a igreja  e o estrago já estiver consumado, se valendo quase sempre de palavras e jargões religiosos, mas o seu fruto é maligno.Paulo, pelos menos por duas vezes, se refere a estas pessoas como “falsos irmãos”, acredito que também por perceber, ainda que atônito, a presença destes no seio da igreja.
Eis duas passagens nas quais Paulo fala dessa gente:
“Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos;” 2 Coríntios 11:26
Nesta outra passagem também vemos este mesmo termo: ” E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão;” ( Gálatas 2:4)

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