quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

TOMANDO UMA DECISÃO


ADORAÇÃO NO DOMINGO

Bem, e sobre a adoração no domingo? É certo, errado, ou não é importante? Minha compreensão a partir de meu estudo é que não é importante. Nem é certo, nem errado. É sempre certo adorar a Deus tão freqüentemente e com associação com outros crentes quanto possível. Em Atos 2:42-47, a igreja primitiva fazia adoração diária. Se for possível fazer, será o ideal. Mas nós temos nossas vidas para conduzir e a adoração corporativa diária torna-se impraticável.

Contudo, nós precisamos ter tempo para a adoração corporativa para suplementar nossa experiência diária. Nós não devemos negligenciar a adoração corporativa (Heb. 10:25). Não é errado adorar no sábado e nem é errado adorar no domingo, ou quarta-feira ou qualquer outro dia! Guardar o sábado para reflexão e crescimento espiritual é saudável e deve ser incentivado. Mas a mensagem do Novo Testamento, e do resto da Bíblia, deixa claro que para os cristãos o dia da semana em que isto ocorre não deve ser obrigatória nem exigida.

O DOMINGO NA HISTÓRIA

Foi interessante para mim descobrir o processo da igreja primitiva com isso. Em um estudo exaustivo sobre o assunto dosábado para o domingo, D.A. Carson lançou um livro chamado "Do Sábado para o Dia do Senhor".[8] Este livro é um trabalho altamente técnico que examina os pais da igreja primitiva e suas visões sobre o sábado e o domingo.

Desde o ano 100 DC, os primeiros cristãos unanimemente se encontravam no domingo. Esta era uma prática universal entre os cristãos. Ninguém consideraram isso um sábado. Mas todos encontravam-se nesse dia. Isto foi estabelecido muito antes do que os adventistas têm ensinado. E mais, isso era unânime entre os discípulos dos apóstolos. É impensável que isso poderia ter acontecido sem ter sido a prática geral durante a era apostólica.

Outra vez eu quero dizer que os primeiros cristãos pensavam que era um dia bom a se encontrar por causa da ressurreição, mas não o associavam com uma mudança do sábado. Alguns destes cristãos, a maioria judeus, continuavam se encontrando no sábado. Outros, na maior parte gentios, não. Eles tinham as razões que nós já discutimos antes. Claramente, eles compreenderam os ensinos de Paulo e do resto da Bíblia, como já estudamos anteriormente. O sábado era uma opção OK, mas não obrigatória aos cristãos.

Entretanto, havia uma necessidade de se reunir para a adoração. Porque muitos dos cristãos judeus ainda assitiam na sinagoga no sábado, havia uma necessidade de ter uma outra hora em que os cristãos poderiam se reunir para suas próprias reuniões privadas. Isso ocorria no domingo, que eles começaram a chamar Dia do Senhor.

Nosso primeiro registro desta referência foi no ano 107 DC. Isso é apenas 11 anos depois da época da referência de João ao dia do Senhor em Apocalipse 1:10. É muito provável que João estava se referindo ao domingo quando mencionou esse dia. Não por causa de qualquer santidade agregada, mas porque era o dia comum de encontro para os cristãos.

Os primeiros cristãos tinham uma ligação sentimental ao primeiro dia da semana também. Não somente o Senhor ressuscitou nesse dia, mas das sete aparições de Jesus a seus discípulos, cinco delas foram no primeiro dia e nas outras, não há menção específica sobre qual foi o dia.

Também nesse ano, a festa de Pentecostes ocorreu no primeiro dia da semana. A igreja cristã nasceu num domingo. Mas isto NÃO significa que eles agregaram santidade ou qualidades do sábado a esse dia. Não havia nenhum apelo aos Dez Mandamentos anexados ao domingo.

Mesmo muito depois, quando Constantino fez a primeira lei de domingo, ela foi apenas uma lei que proibia o trabalho nesse dia. Ela foi bem recebida por cristãos e pagãos, pois eles não precisavam trabalhar nesse dia. Ela tornou a adoração mais conveniente, mas não foi uma lei baseada na lei do sábado. De fato, os fazendeiros eram isentos dessa lei. Eles poderiam continuar seu trabalho. Isto naturalmente não era permitido na lei do sábado do Velho Testamento.

Havia algum sentimento anti-judeu nesse tempo. Alguns têm sugerido que já que os judeus tinham problemas com o governo, os cristãos tentaram se distanciar dos judeus, começando a se afastar do sábadopara evitar a perseguição. Mas os registros dessa época não indicam um povo que fazia alguma coisa porque estava tentando evitar a perseguição por causa de Cristo. Os exemplos são miríades de cristãos permanecendo firmes corajosamente em sua fé, apesar da ameaça da morte. Se isso fosse uma convicção para eles, eles manteriam a posição por ela. Mas eles NÃO tinham essa convicção sobre o sábado, como é visto claramente em sua literatura.

E foi assim até a época de Augustino no quinto século, onde alguma conexão entre os Dez Mandamentos e o domingo começou a ser feita. Mesmo assim, a conexão foi fraca. A santidade do sábado foi considerada cerimonial. Esta visão foi tornada mais proeminente por Tomás Aquino séculos mais tarde. Os reformadores, Calvino e Lutero, foram cuidadosos para declarar que o sábado não era mais obrigatório aos cristãos, mas eles viam mérito em ter esse dia para descanso e adoração.

Isso foi assim até a reforma inglesa em que o Decálogo sabático começou a ser forçado verdadeiramente. Os proponentes principais eram os puritanos. Eles começaram a ensinar que o Sabbath (embora chamavam o domingo de Sabbath) não foi abolido e fizeram regras detalhadas para seguir, de acordo com os regulamentos do Velho Testamento.

Isto naturalmente afetou outros grupos ingleses como os metodistas e os batistas. Muitos destes grupos que vieram a América e Nova Inglaterra tornaram-se notados pela estrita observância do Sabbath (domingo). Foi lá que um grupo, os batistas do sétimo dia deram um passo a mais e começaram a guardar o Sabbath no sábado.

Se o Sabbath do Velho Testamento é obrigatório aos cristãos, raciocinaram, nós temos que o guardar no dia certo também. Foram os batistas do sétimo dia que influenciaram Joseph Bates, que por sua vez influenciou E.G. White e o adventismo do sétimo dia nasceu. Os adventistas inicialmente estavam discutindo com os "puritanos" sobre qual dia é o Sabbath real, ao invés se isso era ou não era uma doutrina do Novo Testamento para os cristãos. Ao discutir sobre qual dia é oSabbath, a mensagem da Bíblia e a mensagem que a igreja primitiva tinha claramente na mente, foi perdida completamente.

TOMANDO UMA DECISÃO

Eu continuei a orar ardentemente sobre estas coisas. Paula e eu fizemos disso um assunto de procura da alma e pesquisa continuada. O estudo todo me atingiu tão duramente que eu acordava no meio da noite e clamava a Deus: "Senhor, por favor não me deixe ser iludido. Eu quero ser Seu seguidor fiel". Cada vez mais, após muita oração e luta com Deus, as Escrituras vinham à minha mente com claridade ainda maior.

Eu me sustentava em Lucas 11:11-13 repetidamente, dia após dia. Jesus disse que quando nós pedimos o Espírito Santo, Ele nos dará com certeza. Muitas vezes eu me afligia com Deus e orava para que Ele me concedesse repouso, ao invés de me deixar ser iludido ou deixar-me desonrar Sua causa. Mas o Senhor permaneceu enviando-me segurança através de Suas promessas e Sua palavra. Gálatas 5:1 veio à minha mente com grande clareza:

"...permanecei firmes na liberdade com a qual Cristo nos libertou e não torneis outra vez a meter-vos debaixo do jugo da servidão". 

Eu saía desses momentos refrigerado, cheio com o Espírito de Deus e repousando em Jesus, meu sábado. As palavras da Bíblia trouxeram vida para mim. Eu compreendi essas partes da Bíblia, que eu sempre tinha explicado. O véu tinha caído de meus olhos.

Enquanto isso, Paula estava chegando às mesmas conclusões por si própria. Nós sabíamos que Deus estava nos chamando a uma caminhada mais profunda com Ele que poderia envolver pisar fora do era seguro para nós. Nós pensamos no início que Deus podia querer que nós permanecêssemos na igreja e trabalhássemos pela mudança.

Entretanto, à medida que nós orávamos mais e mais, nós nos sentíamos incomodados com essa opção. Nós somos uma equipe a quem Deus tinha especialmente dado o dom de alcançar pessoas fora da igreja. Além disso, nos foi dado o dom de liderança e ensino. Saber a verdade e apenas sentar e esperar a mudança, não parecia encaixar-se no que Deus desejava de nós. Nós estávamos dispostos a fazer isso, entretanto. Certamente, seria menos traumático.

Por outro lado, estava minha responsabilidade de ensinar a verdade. Eu sou um ser humano defeituoso, com muitas falhas, mas Deus está fazendo uma grande obra em meu coração. Eu não posso viver uma vida dupla. Eu não sou um pregador eloquente, nem uma personalidade ofuscante. A única coisa que eu tenho a meu favor são minhas convicções e meu amor por Jesus. Se eu não puder falar do centro de minha experiência com Jesus, eu não sou nada.

Paula e eu sentimos também que seria errado continuar a representar uma organização que nós não acreditamos mais ser a representação da verdade. Continuar a servir nela seria dar credibilidade à suas declarações. Nós temos muitos amigos maravilhosos na igreja adventista. Nós somos gratos ao presidente da Conferência Geral e à nossa equipe de funcionários, idosos, voluntários e tantos outros que nos apoiaram e nos ajudaram a tentar construir uma igreja para uma nova geração.

Nós não queremos ferir a eles ou à igreja, que amamos muito e dedicamos nossas vidas durante os últimos oito anos. Mas nós devemos seguir o Senhor nesta coisa. Nós reconhecemos que haverá aqueles que discordarão fortemente de nossa compreensão da Escritura e nosso sentimento de chamado. Mas nós não devemos a eles. Nós devemos a Deus.

Apesar de que as implicações destas descobertas são assustadoras, há também um sentimento de ansiedade quando olhamos para o que Deus planejou para nós. Nós estamos sendo solicitados a viver na borda áspera da fé. Nós devemos confiar nas promessas de Deus como nunca antes. Nós verdadeiramente estamos aprendendo a viver pela fé e repousar em Jesus, nosso Senhor e nosso amigo.

Para nós, esta não é apenas uma teoria, mas é uma experiência real de fé. É confiança na palavra de Deus e segurança nEle e apenas nEle. Este é descanso do sábado diário. Nós agradecemos porque Deus nos deu confiança com Sua verdade e nos permitiu que o puséssemos à prova. Apesar de nossos temores, nós estamos confiantes no futuro. Onde Deus conduz, Ele provê.

PESQUISA ÚTIL

www.damascus.com Tape series called “The Sabbath in Christ”
www.ellenwhite.org Download material on Ellen White
www.graceplace.org Papers entitled “New Covenant Christians” and “Is Sabbath Observance Required...”
www.ratzlaf.com Books called “The Sabbath in Crisis” and “Sabbath to the Lord’s Day”
www.sdaoutreach.org Downloads on Sabbath and Ellen White

NOTAS:

1. Samuele Bacchiocchi, Sabbath Under Crossfire (Biblical Perspectives, 1998) p. 245-248.

2. Ibid. 246-248.

3. Dale Ratzlaff, Sabbath in Crisis (Glendale, AZ,1990) pp 310-311.

4. Ibid. pp. Existem três escolas de pensamento com respeito ao sábado. Há um grupo pequeno, que inclui a IASD que ensina que o sábado continua no Novo Testamento. Um segundo grupo ensina a teologia da transferência e afirma que o mandamento do sábado do sábado ainda é obrigatório, mas a santidade do dia foi transferida do sábado para o domingo (este veio muito depois no desenvolvimento da igreja cristã. Os primeiros cristãos não ensinavam nenhum destes dois conceitos). Finalmente, há um grupo maior de cristãos que ensinam que Jesus cumpriu o sábado e a lei. Ele é o nosso descanso sabático.

5. Essa é uma razão pela qual a doutrina adventista do Juízo Investigativo é tão instável na minha opinião. Ela está baseada em um texto que vem de uma passagem obscura da literatura apocalíptica. Ela é complicada pelo fato que o contexto imediato não parece falar sobre um assunto celestial, mas terrestre. Ela está conectada a outras passagens por laços lingüísticos ainda mais fracos e ignora a real construção literária da imagem sacrificial da manhã e da noite dentro do texto. A fim fazer o poder do chifre se encaixar no cenário adventista, faz este chifre crescer de um dos ventos, ao invés dos chifres do império grego, onde ele logicamente se encaixa. A conexão óbvia a Antioco Epifânio é ignorada. Basear uma doutrina inteira forçadamente é altamente suspeito. Não há nenhum estudioso bíblico fora do adventismo que concorda com a interpretação da IASD. Isto deve levantar uma suspeita para quem faz tantas reivindicações dogmáticas. Basicamente, a posição de IASD tem um texto fraco e E.G.White para sustentar sua posição. Isso não soa como a Bíblia e a Bíblia somente, para mim.

6. Veja 11 Cor. 3:6-9, e Heb. 8:13

7. Estabelecer a linha da guarda do sábado tem sido um problema para muitos sabatistas. Muitas escolas adventistas, anos atrás, não permitiam banhos no sábado. Eu cresci com determinadas regras verbais a respeito da observância do sábado. Era OK vadear no sábado, mas não nadar. Era OK andar de bicicletas, mas não se elas tinham um motor. Era OK jogos que tinham “Bíblia” como parte do nome. A viagem OK no dia de sábado para nós era a distância que uma pessoa podia viajar com um tanque de combustível, sem reabastecer no dia santo. Uma pessoa poderia comer na lanchonete de uma campal, desde que houvesse pago no dia anterior. O problema é claro. Se a lei do Velho Testamento ainda é obrigatória, então que negócio é esse de permitir que as pessoas carreguem pesos, ou viagem, ou prepare refeições, ou faça todas essa sub-regras? Isso é diferente do que os rabis faziam com seus mais de 600 regulamentos de sábado? Por outro lado, se o Novo Testamento reinterpreta estas coisas em Cristo, por que nós não pegamos apenas o que Ele disse para fazermos nossa conclusão completa e bíblica e paramos de fazer do sábado uma doutrina para todos? Não devemos nos focar em Jesus que é nosso verdadeiro sábado? Do contrário, não somos culpados de um neo-legalismo com apenas uma outra série de regras que NÓS criamos? O silêncio do Novo Testamento no assunto de como guardar o sábado faz uma poderosa declaração que Deus não pretendia que Seus seguidores voltassem a esse caminho (veja Gal. 5:1).



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